Nosso Diretor de Narrativa Senior, Matt, tirou um tempo para refletir sobre a escrita do Torneio dos Ancestrais. Aqui vai o que ele disse.



Ah, 3.22, a liga do Torneio dos Ancestrais. Essa foi especial, vou te contar. Fazia tempo que a gente não fazia algo tão ambicioso em relação a história das coisas desde a Betrayal, a primeira na qual escrevi, e depois veio a Heist. Acredito que elas incluíram 12 personagens para eu escrever… e coitada da equipe de áudio. Esse foi um desafio bem único, já que estávamos gravando uma longa lista de personagens para os demos Path of Exile 2 e Mobile na ExileCon enquanto também gravávamos para a liga. Houveram dias que tivemos dois um até mesmo três gravações com dubladores diferentes.

O último personagem da liga, Hinekora em si, foi gravado na Terça antes do lançamento da liga, editado na Quarta e implementado rapidamente depois. Quase todo o sistema de diálogo foi criado na semana final, graças ao nosso novo programador heróico, Nicholas.

Normalmente, na última semana antes do lançamento é quando eu relaxo e vejo todo mundo entrar em pânico. Desta vez, no entanto, o trabalho extra da ExileCon me fez trabalhar até o último segundo…e quando eu digo último segundo, quero dizer que eu literalmente tinha um vôo pra pegar na noite da Quinta, e enviei a última prova às 19:20h, no último último segundo antes de eu sair para o aeroporto às 20:00h. Esse é o quanto eu me dedico para dar a você, o exilado trabalhador comum, o ótimo lore que você merece. Junto a isso, nós planejamos tudo bem certinho para encaixar o tempo que foi gasto.

Por sorte, esta liga teve um conceito bem forte já de cara, e tempo de sobra. No início, eu recebi uma descrição básica da mecânica da liga e esta imagem, juntamente com uma lista de nomes e tribos que decidimos conversando:



Como alguns jogadores astutos já viram, eu notei imediatamente que já havia um Arquiteto Vaal chamado Ahuana, mas nós decidimos manter o nome, porque o nome Karui é pronunciado como 'Ahuana,' enquanto o dos Vaal é pronunciado 'Ahuana.'. Eles são totalmente diferentes.

Junto a isso, acho que posso simplesmente dizer que, os quadrinhos do Path of Exile mostram Kaom matando um homem chamado Akayo. Ele não é o Akoya, então nenhuma correção necessária aqui. Eles só têm nomes similares, e ambos acabaram sendo decapitados por Kaom. Geralmente ele faz isso com as pessoas… Akoya é, no entanto, definitivamente o Quebrador de Correntes cujo nome aparece na Joia Atemporal.

No início, nós queríamos que as tribos fizessem hakas antes das batalhas, algo que você pode ter visto caso tenha assistido o rugby da Nova Zelândia, mas no fim das contas o custo da animação e gravação para algo que os jogadores pulariam 99% das vezes não iria valer a pena. Mas com certeza seria incrível ter visto isso.

Kaom e Utula não eram chefes das tribos imediatos dos Ngamahu e Kitava. Nós discutimos o assunto, pensando se conseguiríamos usar os personagens da história principal, e eu definitivamente votei 'sim'. No fim das contas, eles foram escolhas perfeitas para isso. Nós queríamos expandir a cultura Karui, algo que o jogo não tocava muito fazia muito tempo, e com certeza não estaria completo sem estas duas estrelas.

Utula em particular se destacou quando eu criei um mapa das relações das tribos:



A intenção é que isso influenciasse mecanicamente os favores e rivalidades, mas o design foi alterado depois para que as recompensas dos favores fossem mais aleatórias. Eu mantive estas atitudes pessoais para os personagens em si, no entanto. Criar mudanças nas atitudes para cada possibilidade significaria um trabalho exponencial e um sentimento confuso.

Assim que eu vi que o Utula tinha uma fileira inteira de inimigos, no entanto, as personalidades começaram a se formar. Ao passar pelos motivos por trás de cada par de relações, e ao passar pelo personagem do Utula em Oriath (e é aqui que eu admito com vergonha que sou um apressado, já que pulo todos os diálogos passados), a atitude dele ficou tão clara que foi como ver uma pessoa de verdade numa festa na qual ele não queria estar. Eu fiquei assustado ao perceber que Utula de fato não gostaria dos Salões dos Mortos. Começando por aí, minhas expectativas para esta liga mudaram completamente. Ao invés de um monólito de rigidez reforçado pela cultura dos guerreiros, os personagens se espalharam em uma reação prismática de milhares de anos de história e experiência pessoal.

Muito do que nós sabíamos antes sobre a cultura Karui em Wraeclast veio de um grupo muito específico de pessoas em um ponto histórico muito específico - Kaom e sua invasão em Wraeclast, assim como o tratamento de escravidão Karui pelos Templários. Kaom e Utula marcaram essa era. Acho que já vimos o suficiente disso. Os Karui são muito mais do que esse único tema. Agora, eu tive a oportunidade de expandir bastante o passado, e entramos bastante no que poderia ter sido ter os espíritos dos Ancestrais quase que literalmente flutuando por aí dando conselhos. Cada personagem teve um script de mais ou menos dez páginas, a maioria deles foram diálogo de combate, e eu tive que lapidar bastante o diálogo para a essência verdadeira dos Salões dos Mortos.

Se você nunca assistiu a peça 'No Exit' do Jean-Paul Sartre, eu recomendo bastante. Essa peça foi uma grande inspiração aqui, especificamente quando se diz que 'O Inferno --- são outras pessoas!' Nossa lista de líderes Karui estão presos juntos para toda eternidade, e eles não conseguem nem concordar em quanto tempo isso vai ser. Temos coração, bondade, entendimento, mas também há mágoa, segredos e dicas persistentes de incômodos que só o Utula mesmo para expressar em voz alta, ninguém mais consentiu isso… e se você ouvir com cuidado o que Hinekora te diz, pode até ser que nem mesmo suas intenções sejam totalmente altruístas.

Dito isso, eu me diverti muito escrevendo tudo isso. Foi incrível trabalhar com os dubladores, e, no fim das contas, estou muito feliz com o resultado final. Nós até mesmo conseguimos usar o sistema de conversa da Heist para criar algumas conversas entre os líderes. Ele é usado de forma muito simples, mas tenho tentado voltar a usá-lo por muito tempo, e com sorte terei uma chance de expandir sobre a quantidade de linhas de áudio que os líderes têm. As profecias de Hinekora foram incríveis de escrever também, e estou ansioso para ver todas as suas teorias sobre o que vem em seguida - ou o que já aconteceu. Não dá pra saber com ela!
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